domingo, 27 de dezembro de 2009

era neste quarto. estávamos deitados sobre a cama, tapados com os lençóis de flanela estampados que a minha me mandou e mais umas quantas mantas e aquele edredon foleiro (tanto ou mais que os lençóis). eu aquecia-te os pés entre abraços. o som de fundo era aquilo entre o silêncio e o respirar. sem tempo nem razão. adormecer e acordar. ficar. podiamos trocar aqueles quadradinhos de chocolate entre beijos. sentir o teu cheiro misturado com a almofada e mexer-te no cabelo. ouvir-te mastigar. sentir-te beijar. desejar.





©Nicholas and Sheila Pye

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

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Sabes a veneno doce. Como um xarope de criança misturado com lixivia.

Mas ao invés dela sujas a alma. Sujas-me alma.

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lava-me a alma
©acoldzero

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

acoldzero
©de um site que já não me lembro

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

na ultima vez que amei foi assim...



pretty hate machine by earphobia

pretty hate machine by earphobia



pretty hate machine by earphobia

©acoldzero (a partir do trabalho "Pretty Hate Machine" de earphobia)

domingo, 15 de novembro de 2009

"Como eram ambos jovens e se moviam ainda às cegas nas
franjas dos seus próprios desejos, a dança que faziam juntos não
era uma dança em que tomavam posse um do outro, mas uma
espécie de minuete, cujo objectivo consistia não em apropriar-se,
não em agarrar, não em tocar, mas em permitir que o máximo de
espaço e distância fluísse entre eles. Mover-se em sintonia, sem
colisões, sem se fundirem. Descrever circulos, fazer vénias em
sinal de devoção, rir dos mesmos absurdos, troçar dos seus próprios
movimentos, lançar sobre as paredes sombras gémeas que nunca
se tornariam uma só. Dançar em redor desse perigo: o perigo de
se tornarem um só! Dançar confinando-se cada um ao seu próprio
caminho. Permitir o paralelismo, mas sem que um se perdesse
dentro do outro. Brincar ao casamento, a par e passo, ler o mesmo
livro juntos, dançar uma dança de evasão na orla do desejo, per-
manecer dentro de círculos de luz sublimada, sem tocar no âma-
go que deitaria fogo ao circulo.
_____Uma hábil dança de não-posse."



Anaïs Nin - Os Filhos do Albatroz


Fred Muram
©Fred Muram

queria homenagear as ultimas 48 horas colocando um post com musica dos Last Days, mas não encontro nada deles online. gostava que soubesses a força que me carrega o interior. depois de os ouvires podes chamar-me masoquista. é verdade.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

no silêncio que antecede a tua voz, eu fico parado
diante da beleza.

se esticasse o braço, tocaria o teu corpo de menina.

mas eu nunca poderia tocar a tua beleza. entre mim e
a tua beleza existe a distância impossível que divide
a morte da vida.




José Luis Peixoto. A Casa A Escuridão
acoldzero
©acoldzero



segunda-feira, 2 de novembro de 2009





Conrad Roset
©Conrad Roset



Desculpa. Perdi-me. De mim. De ti. Do Mundo. Da lógica e da razão bem como do que sinto. Foi verdadeiro mas de certa forma escusado. Injusto também. Fizeste-me muito mal em muitas circunstâncias, mas há uma parte que continuo a querer abraçar todos os dias. Oxalá eu conseguisse racionalizar e separar as coisas.. Talvez porque nunca tenhamos acabado a bem. Com justa causa.. Talvez tanta coisa. Não sei. Achas que as coisas
podem um dia ficar bem? O que quer que 'bem' signifique..

¶.




Father
©acoldzero


Parabens Pai

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

.selfportrait




there's a diference between Alpha Man and Half-a-Man



quarta-feira, 28 de outubro de 2009

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

psyche

acoldzero
©acoldzero





(...)

Show without showing

What you know without knowing


(...)

As I was set to fall in

(...)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

domingo, 18 de outubro de 2009

sinto o Outono a voltar, devagarinho, e com ele o intimisto e o mistério das noites longas. trago no corpo as dicotomias e os anacronismos de quem procura sem encontrar e a vontade de ter sem poder. o meu coração tem pêlos. é um orgão débil. de grande potencialidade, mas débil. com a chegada do equinócio fica mais cristalino e os tons entre o purpura e o turquesa acrescem-lhe a face enaltecida dos trejeitos que ele não tem para ser um simples e normal orgão. tem o azul rasgado da maçã e a bandeja de prata a ganharem pó e cheiro a mofo.
o mundo em volta é um complexo de causas-efeitos a acontecerem sem lógica aparente. aparentemente sem razão. apenas aparentemente. para lá do perceptivel são os numeros, entre a elipse e o circulo perfeito. 3,14159265. e entre o esquecimento induzido pela química são os dias inertes e vazios. bate forte o branco enevoado e o vapor húmido como neblinas numa caixa de cartão amolecida que é a minha cabeça. e os meus olhos cegos não vêem para lá do que é alcançado até à bandeja de prata onde começa e acaba, de forma cíclica, o pulsar entre os pêlos deste meu orgão.


©acoldzero


não tenho faixa de banda sonora para colocar, mas posso dizer que tenho estado a ouvir Portishead em repeat hà já algum tempo...


sexta-feira, 16 de outubro de 2009

nebulosas



A vontade é impotente perante o que está para trás dela.
Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade.
É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela.





Nietzsche





acoldzero
making of

acoldzero
@ Exposição de Finalistas ESAD.CR 2007



"quando eu morrer" de luis vieira campos

segunda-feira, 12 de outubro de 2009


1


quando aqui não estás
o que nos rodeou põe-se a morrer

a janela que abre para o mar
continua fechada só nos sonhos
me ergo
abro-a
deixo a frescura e a força da manhã
escorrerem pelos dedos prisioneiros
da tristeza
acordo
para a cegante claridade das ondas

um rosto desenvolve-se nítido
além
rasando o sal da imensa ausência
uma voz

quero morrer
com uma overdose de beleza

e num sussurro o corpo apaziguado
perscruta esse coração
esse
solitário caçador




Al Berto






©acoldzero

sábado, 10 de outubro de 2009

mixtape de Outono

aqui vai. apeteceu-me. estava inspirado (ou não, depende dos critérios). gravei uma mixtape nova. é do Outono, mas não é do Outono de todos. é um Outono para aqueles que gostam ou simpatizam com o sub-género que aqui se retrata, e para os curiosos que mesmo achando que isto é uma grande banhada, não deixam de ter curiosidade em ouvir e acabam por bater o pé e abanar a cabeça discretamente. eu considero-me uma pessoa eclética a vários niveis, e acho que o sou mesmo dentro dos mesmos sub-géneros, daí poder afirmar que dentro dos 63 minutos que aqui se apresentam, muita gente que acha que não gosta desta porra ía ficar admirada e dizer: txiii, mas isto também é drum&bass?
mas eu não estou aqui para dar lições de moral a ninguém. é uma sugestão. não é só disto que vive o meu sentido auditivo (e por ventura outros) mas é disto que são feitas as tardes de limpezas e umas quantas noites de dança frenética. é também disto que são feitas tantas viagens, quer fisicas quer psicológicas.
e para finalizar, eu gosto de misturar. nao apenas de passar musica que eu gosto, mas de subverter essas musicas e transforma-las em coisas novas. e gosto das ambivalências que estes sub-géneros permitem. (sempre quis usar a palavra ambivalências)
antes ainda de me despedir aviso que a mixtape está divida entre 30m de dubstep no inicio e 30m de drum&bass a finalizar.

surpreendam-se. (ou não)

terça-feira, 6 de outubro de 2009



62

Ao fundo do ser há uma luz
que não se manifesta por palavras.
Poderei aproximar-me dela
sem o sacrilégio da linguagem?





Casimiro de Brito.

Jeff Bark
imagem: Jeff Bark

breve descrição de paisagem sonora

tenho uma playlist de musicas que me apetecia despejar aqui. porque todas fariam sentido para marcar o momento, o dia, o segmento de tempo, tudo isso e qualquer coisa mais. Podia deixar aqui o silêncio em vez disso, mas já o fiz com o Cage hà tão pouco tempo e não me parece bem ser assim repetitivo. Acho que o mais adequado será um Night Passage Demixed do Alan Lamb. Infelizmente nao encontro de onde possa postar, por isso faço assim uma breve descrição para imaginarem como é. É assim um som muito estranho que começa quase sem se ouvir, muito ténue, e vai aumentando de intensidade muito devagarinho e onde se ouve tensão de electricidade a passar. As musicas são variações dessa intensidade e são faixas longas, de 10 a 15 minutos, às vezes mais. Foi o meu professor de Pintura do terceiro ano que me arranjou o cd. Como a musica é feita à base de graves, tem que ser escutada num bom sistema de som ou com uns bons headphones (o proprio disco traz advertencia para isso, correndo as pessoas o risco de danificar o sistema de som). no fundo é esta a mensagem que tenho para passar. Tensão. com N. Essa.
Também anda por aí da outra, mas dessa agora não reza a história.



ps-conseguem ouvir uns previews se tiverem conta no Last.FM



domingo, 4 de outubro de 2009

Domingo




o estado do tempo [platónico]

amanhã é domingo, o pior dia da semana, mas faz desta a melhor madrugada. depois de uma semana de tantas 'viagens', espera-se um domingo de ressaca sangrenta e da companhia do outro Eu. Prevê-se o regresso do silêncio.



©acoldzero




PS-Hoje é sábado, fui a uma festa indie e escrevi um bilhete a uma ±desconhecida como quem escreve uma página do diàrio e a oferece sem pensar nas hipotéticas consequências.
Apeteceu-me. Mas não foi nada pessoal. O bilhete não falava sobre ela, falava 'dela'.

PS2-Já estamos no Outono à duas semanas e ninguém me disse nada! E eu até penso na luz que incide sobre a tua face todos os dias. Os tons são os mesmos, como é que eu não dei por nada?

terça-feira, 29 de setembro de 2009

~. memórias de um verão perdido

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MADRIGAL

gosto quando pões a quinta porque me tocas na perna com o nó dos dedos




©Miguel-Manso






NT - eu digo que gosto quando ponho a quinta e te toco na perna com o nó dos dedos

my g*rls connection





©acoldzero. music: josé gonzalez-teardrop






domingo, 27 de setembro de 2009

✍ ~.porque vi os teus olhos de acordar e não te posso dizer o que senti




____
as esferográficas sujam as pálpebras das palavras, constelando os textos com

belos gatafunhos.
____estamos deitados à espera que se dissipe o sono e despertem, na dobra do len-
çol, os fantasmas quotidianos.
____o texto autobiográfico irrompe, quase sempre, nos momentos de ócio, nas
paragens.




al berto
.


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

.é esta a força que trago dentro de mim








fica outro tributo aqui: http://www.youtube.com/watch?v=hUJagb7hL0E


.interludio para uma pequena homenagem





Photobucket




ainda procurei uma banda sonora para este post, mas não há som senão aquele que nos invade a mente quando lêmos Sarah Kane.


é assim que começa.

não vou dissertar sobre isto ou sobre aquilo, ou sobre o que acho que é ou devia ser. dedico apenas esta página à Joana porque me deu a conhecer a Sarah e a Psicose (embora esta página seja do Ruínas) e com ela uma grande parte de mim, e ao Marcio, que embora nas actuais circunstâncias não sei ao certo se me lê, mas que se dignou a estampar aquela frase na porta da casa de banho da casa que partilhámos por tanto tempo. E depois é esta contradição, ao contrário de tudo o que esta senhora sugere, vêm-me sentimentos de nostalgia da familia que fomos naqueles tempos. Só posso dizer obrigado.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Palavras São Esculturas De Ar

52


Cegas são as palavras embora
seu vagaroso ruído ilumine
a sombra do barro que no corpo
arrefece. Sílabas difusas
do rouco encantamento
onde me confundo como se outro
coração mais fundo não houvesse.



(Casimiro de Brito)





©d_greg+acoldzero @ 2007/2008


terça-feira, 22 de setembro de 2009


©acoldzero 2009
"fear of ghosts" - the cure

Compramos e Vendemos Sentimentos










a insustentável indefinição do ser

é um novo porto de abrigo quando a vida pede uma reviravolta. da ultima vez, comprei um caderno novo onde quase nunca desenhei. disse que tudo seria diferente e tudo voltou a ser o mesmo. disse que ía mudar. falhei. nada melhor para começar que uma musica dos Smashing Pumpkins. a Zero e sempre a Zero a lembrar-me as minhas origens, mas há esta que tão pouca gente conhece e que me assenta tão bem.
é uma casa nova, em constante remodelação, um castelo feito de pedras presas no sapato, como diria o Pessoa. ainda não sei o que fazer à casa antiga. custa sempre deixar uma vida para trás. foram anos e anos, e tanto tempo passado e nunca aprendi a perder como deve ser. vou continuar debruçado na janela a olhar para a luz que se vai desvanecendo devagar do lado d'ali. Aqui ainda cheira a fresco, está ainda mal mobilado e a decoração é pouca ou nenhuma, mas em breve a coisa compõe-se. Não tenciono comprar papel-de-parede, mas uns adornozinhos aqui à volta parece-me que vão ficar bem. De resto, o conceito é o mesmo, apenas a diferença de que aqui é uma casa mais perto do mundo. Até breve.




selfportrait@2006