segunda-feira, 4 de junho de 2012


Eu não sei o que faço aqui
sei que faço alguma coisa
pequenas coisas sem importância
às vezes aborreço-me não é grave
fico apenas um pouco mais triste
depois levanto a cabeça
os ombros vacilam
transporto uma loba mas não sei até quando
uma loba que vai deixando o pelo
na casa do poema na cave acumulada
 por um sábio que não sabe nada
nem cuidar de si nem cuidar
dos homens —
aparentemente foi tudo morrendo
neste reino de pequenos casamentos
de conveniência: ficaram
 a insânia sem garganta e figuras de musgo
que não conhecem a separação entre o ser
e as nuvens
as nuvens que envolvem
 os caminhos do corpo
as pegadas de um vírus que não cessa de
cantar o pó, tão fácil
de soprar. Chove. A chuva
pede que me cale.


Casimiro de Brito                                       



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