Permite que deixe aqui esta cicatriz em forma de poema, tudo é sustentável, nós é que escolhemos ser putas.. Pena as putas terem tantos segredos. Um bem haja, com carinho..
Tango do Marido Infiel (..)
Sem tempo para ter tempo De ter tempo de te dar O tempo que tu mereces Prazeres em que tu morresses Manhãs que não amanheces E arrepios que estremeses Na boca de te beijar Fico sentado no quarto Desta cama de pensão Ausente, despido farto Cansado dessas mulheres Que ouvem sem me escutar Que me olhem sem me ver Que me amem sem saber Que me roçam sem tocar Que me abraçam sem paixão Que ignoram que eu anoiteço Que me ensombro que escoreço Que me enrudo e envelheço Me pragueio e apodreço E a quem pago o que me dão: Uma espécie de ternura Uma imitação de amor Lençóis que são sepultura De carícias sem doçura E dos meus lábios sem cor Ai dedos no cabelo Quero a minha raiva toda Quero domá-la e vencê-la Quero vivê-la ao meu modo Até encontrar por fim Aquela voz de menino Há tantos anos perdida Há tanto tempo esquecida Em soluços dissolvida A gritar dentro de mim.
responder-te seria colocar na caixa de mensagens o paragrafo que escrevi depois da frase e acabei por apagar. tudo é sustentavel ou insustentavel na medida que tudo tem um preço e na medida em que cada um sabe o que é que está disposto a pagar ou a receber em prol do quê. e nem sempre é uma questão de escolha. eu não escolhi nascer. um bem haja de volta.
2 comentários:
Permite que deixe aqui esta cicatriz em forma de poema, tudo é sustentável, nós é que escolhemos ser putas.. Pena as putas terem tantos segredos.
Um bem haja, com carinho..
Tango do Marido Infiel (..)
Sem tempo para ter tempo
De ter tempo de te dar
O tempo que tu mereces
Prazeres em que tu morresses
Manhãs que não amanheces
E arrepios que estremeses
Na boca de te beijar
Fico sentado no quarto
Desta cama de pensão
Ausente, despido farto
Cansado dessas mulheres
Que ouvem sem me escutar
Que me olhem sem me ver
Que me amem sem saber
Que me roçam sem tocar
Que me abraçam sem paixão
Que ignoram que eu anoiteço
Que me ensombro que escoreço
Que me enrudo e envelheço
Me pragueio e apodreço
E a quem pago o que me dão:
Uma espécie de ternura
Uma imitação de amor
Lençóis que são sepultura
De carícias sem doçura
E dos meus lábios sem cor
Ai dedos no cabelo
Quero a minha raiva toda
Quero domá-la e vencê-la
Quero vivê-la ao meu modo
Até encontrar por fim
Aquela voz de menino
Há tantos anos perdida
Há tanto tempo esquecida
Em soluços dissolvida
A gritar dentro de mim.
Por: António Lobo Antunes
responder-te seria colocar na caixa de mensagens o paragrafo que escrevi depois da frase e acabei por apagar. tudo é sustentavel ou insustentavel na medida que tudo tem um preço e na medida em que cada um sabe o que é que está disposto a pagar ou a receber em prol do quê. e nem sempre é uma questão de escolha. eu não escolhi nascer.
um bem haja de volta.
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