Cheguei a Lisboa no dia 31 de Janeiro de 2008. Trazia comigo uma mala de sonhos e desejos, e este álbum no mp3. Durante o mês de Fevereiro, vivi numa casa que não era a minha. Que não me pertencia. Que não tinha o meu nome em lado algum. Aprendi um caminho e uma rotina que não eram os meus. Um percurso. Todas as noites chovia. Muitas vezes durante o dia também. Lembro de um quarto com uma janela pequena, por onde mal conseguia espreitar e onde ouvia passar os autocarros da carris, dia e noite, e o trânsito de uma cidade que ainda não era a minha. Acho que nunca chegou a ser e provavelmente não será dia algum. Ouvir esta música traz-me muitas memórias. Memórias que justificam, àqueles que não entendem que lhes diga: o White Chalk é sem duvida o meu album preferido da PJ. Ouvi-o dia e noite durante aquele mês..
Quero apesar disto agradecer o mês de Fevereiro de 2008 à Silvia, que cuidou de mim como pôde, me acolheu e de alguma forma me salvou, mesmo sem saber.
Hoje chove-me nas maçãs do rosto e aperta-se-me o peito de uma angústia que não posso contar, e entre outras tantas coisas, revejo mil imagens daquele mês. Hoje a insónia sabe-me a este giz branco, por isso deixo-o aqui apontado, como quem queima com um ferro, para jamais esquecer, do que realmente me cobre e me abraça.