Tenho um pequeno ciclone de fagulhas dentro dos olhos. Cintilam no escuro ofuscando a percepção de ti como que pirilampos no jardim botânico naquela noite que nunca passámos juntos. Arde-me a vista de te tentar focar neste meu pequeno e isolado mundo, e a cada instante que passa, a certeza maior de que não nos pertencemos. Fugimos no silêncio frio ao toque da cumplicidade e escondemo-nos como que gatos malhados de rua debaixo dos carros estacionados à porta do supermercado, à espera que uma mão estranha nos venha trazer comida, mas nunca damos mão. Engendramos um desses golpes estratégicos e interesseiros, de quem tem medo que lhe agarrem, porque apesar da profunda carência, não conseguimos evitar ser ariscos.
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