segunda-feira, 29 de março de 2010

Sigo-te pelo espelho retrovisor enquanto me afasto lentamente em direcção à caverna. Do lado de cá pareces sublime e curvilínea, ideia cliché mas apetecível, como não podia(s) deixar de ser. Fico a observar-te, voyeur, como quem te quer mas não pode, e vejo-te desaparecer suavemente por entre as linhas demarcadas dos edifícios. Fictício. Não és própriamente tu mas a ideia que carregas, tal qual todas as outras. Não são iguais, mas transportam algo em comum.
Dizes-me até amanhã, que tem de ser que te vais, mas amanhã sabes bem, talvez seja longe demais. Canta a canção. Entretanto ouço outra. Uma instant street vinda de outro além. já não sei ao certo o que a letra diz mas sinto aquele feeling.
Alguma vez te disse que gosto de tipas com sardas?




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quinta-feira, 18 de março de 2010

Em cima do monte (de vénus) ao fundo da paisagem, entre os ténues e sublimes raios de sol que erradiam por entre as nuvens de algodão doce que pairam sobre o céu (da boca), jaz a clepsidra que marca compassadamente o ritmo da ausência acompanhada do odor das magnólias cor-de-rosa que florescem primaveris junto ao caudal do rio que passa. Os melros sobrepõem-se à tua voz e parecem criar uma nova linguagem sobre as tuas palavras, atribuindo-te um discurso dislexico e sem nexo feito de onomatopeias de penas caídas.
Trémulo, deslizo o meu pensamento sobre ti e dispo-te como se tivesse decorado cada linha do teu corpo, mesmo sem nunca te ter visto. Deitada sobre folhas de cerejeira caídas num vale algures no oriente, observo-te, tal qual Danae de Klimt, e atrás do meu manto de oiro, voyeur, sinto-me, perdido e não achado, à espera de ser encontrado. Sou quem nunca fui e por isso permaneço encerrado, no escuro, à espera que se abra a fenda para entrar, e no momento certo, com meu manto de oiro cobrir-te.




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