domingo, 18 de outubro de 2009

sinto o Outono a voltar, devagarinho, e com ele o intimisto e o mistério das noites longas. trago no corpo as dicotomias e os anacronismos de quem procura sem encontrar e a vontade de ter sem poder. o meu coração tem pêlos. é um orgão débil. de grande potencialidade, mas débil. com a chegada do equinócio fica mais cristalino e os tons entre o purpura e o turquesa acrescem-lhe a face enaltecida dos trejeitos que ele não tem para ser um simples e normal orgão. tem o azul rasgado da maçã e a bandeja de prata a ganharem pó e cheiro a mofo.
o mundo em volta é um complexo de causas-efeitos a acontecerem sem lógica aparente. aparentemente sem razão. apenas aparentemente. para lá do perceptivel são os numeros, entre a elipse e o circulo perfeito. 3,14159265. e entre o esquecimento induzido pela química são os dias inertes e vazios. bate forte o branco enevoado e o vapor húmido como neblinas numa caixa de cartão amolecida que é a minha cabeça. e os meus olhos cegos não vêem para lá do que é alcançado até à bandeja de prata onde começa e acaba, de forma cíclica, o pulsar entre os pêlos deste meu orgão.


©acoldzero


não tenho faixa de banda sonora para colocar, mas posso dizer que tenho estado a ouvir Portishead em repeat hà já algum tempo...


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